Resident Evil Revelations 2 – Review

Resident Evil é uma longa e prestigiada série, mas muitos dizem que ela já perdeu seu espírito. Ainda mais depois do lançamento do Resident Evil 6 (com muita ação e nada de terror) e do Operation Raccon City, um jogo meio perdido na série. A série reencontrou sua tensão no 3DS lançando o Resident Evil Revelations, para depois se espalhar para outros consoles de mesa e PC. Foi a partir daí que a Capcom decidiu separar a franquia: A série numérica será focada na ação, e a série Revelations na tensão e no terror.

Então depois de passar momentos de tensão em alto mar com Jill, Chris e outros personagens novos no primeiro Revelations, no segundo capítulo é a vez de retornar com Claire Redfiled e Barry Burton, presos em uma ilha cheia de monstros.

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Capcom com um quê de Telltale

Resident Evil Revelations 2 não vem em forma comum, como um jogo completo. Dessa vez são capítulos separados, em formato episódico, lançados semanalmente a partir do seu lançamento. Com quatro episódios no total, é possível comprar os capítulos separadamente conforme forem saíndo, comprar um season pass que recebe automaticamente os capítulos, ou aguardar um mês e comprar o jogo completo em um full bundle. Após o lançamento de todos os capítulos a Capcom também prometeu o lançamento de uma edição física com o jogo completo para os consoles.

Moira com Lanterna Resident Evil Revelations 2
A Moira, tentando cegar o Afflicted que vem correndo insanamente em sua direção, após sair de uma das celas da prisão. Essa lanterna só não é mais poderosa do que a do Alan Wake.

Os capítulos do jogo são divididas em duas partes: A primeira foca no sequestro da Claire Redfield e da Moira Burton, filha do Barry Burton, e sua procura por uma saída daquele local. Enquanto s segunda parte foca em Barry Burton, que vai para a ilha em missão de resgate à filha e acaba encontrando Natalia, uma garotinha misteriosa e com poderes fora do comum que o acompanha durante a exploração. Há também dois episódios bônus que completam a história e contam mais detalhes que ficaram perdidos durante os outros episódios. Mas mesmo com esses capítulos, alguns detalhes ainda podem passar sem alguma justificativa aparente, o que causa alguns furos na história, enquanto outros podem ser encontrados em files destravadas durante o jogo.

Finalmente uma boa justificativa para dois personagens estarem juntos

Retomando o esquema de dupla de personagens dos jogos anteriores, Revelations 2 acaba inovando no funcionamento do companheiro, fazendo com que os dois ajam como uma equipe. Além da possibilidade de alternar entre os personagens durante o jogo, os dois tem funções bem distintas.

Enquanto a Claire e o Barry servem como personagens de batalha, Moira e Natalia ajudam na exploração, podendo acessar locais onde o companheiro não consegue entrar ou encontrando itens escondidos pelo cenário, já que não podem usar armas de fogo. Além disso, Natialia e Moira possuem outras habilidades exclusivas: enquanto Moira pode abrir portas fechadas por tábuas com seu pé-de-cabra e cegar os inimigos com a lanterna para facilitar o serviço de Claire na hora da batalha, Natalia tem o pode de ver inimgos e armaldilhas através das paredes e apontar o ponto fraco dos zumbis para o Barry.

Habilidade da Natalia - Resident Evil Revelations 2
Tá vendo aqueles borrões amarelos? São monstros que a Natalia consegue enxergar através da parede. Facilita o trabalho para o Barry derrubar cada um.

A habilidade de encontrar itens escondidos de Moira e Natalia é algo que vem do primeiro Revelations, que incluiu o aparelho Genesis, usado por todos os personagens controláveis. Nele, a visão fica em primeira pessoa e é possível escanear itens espalhados pelo cenário. Aqui, os itens são pontos brilhantes espalhados pelo cenário, e para conseguir pegá-los, Moira precisa mirar no item com a lanterna – enquanto Natalia precisa apenas apontar para eles. É uma pena que os colecionáveis, os itens mais chatos de se encontrar, dependam mais da paciência do jogador em ficar investigando os cantos do que dos personagens. Esse tipo de caça ao tesouro acabaria sendo mais divertida.

Essa dinâmica de personagens com habilidades diferentes finalmente justificou o uso de um segundo personagem te acompanhando o jogo inteiro, e adicionou uma parte tática na hora da batalha. Moira e Natalia acabam não sendo personagens chatas, já que a habilidade de cegar e sentar a porrada com o pé de cabra da Moira acaba sendo divertida e incrementa o gameplay, enquanto Natalia pode se preparar para eventuais perigos pegando algum tijolo caído por aí.

Os inimigos

No primeiro Revelations tínhamos umas geléias que andavam bem devagar, mas eram super resistentes, chamados Ooze, nas mais diversas formas. Agora existem diversos tipos de inimigos diferentes, a começar pelos Afflicted, detentos da colônia penal da ilha que passaram por experimentos bizarros, e que são mais ágeis, mas menos resistentes a tiros.

Como outros inimigos temos os Rotten, uns zumbis que anteriormente eram os Afflicted, mas foram se deteriorando com o tempo; Ironhead, os executores da vez, que parecem uma versão mais barata e um pouco menos resistente a tiros dos Pyramid Head do Silent Hill 2; as aranhas, que mais parecem lagostas anabolizadas; e os Revenants, inimigos que se movimentam de forma estranha e que são altamente resistentes, cujo ponto fraco só aparece depois de destruirmos as camadas de pele costuradas em seu corpo; entre outros como uma mosca invisível, cachorros com cabeça de porcos, inimigos que explodem e chefes que dão trabalho. A cada capítulo somos introduzidos a mais inimigos diferentes.

Como dá pra ver, a variedade de inimigos aumentou bastante, e a diversidade tática para mata-los também. Mas ainda assim acho uma pena a campanha do Barry usar os Revenants como inimigos comuns, o que causa tensão na hora da batalha, mas depois acaba ficando chato e bem cansativo, já que toda vez é preciso mudar para a Natalia, encontrar o ponto fraco, voltar para o Barry e tentar mirar no ponto antes que o inimigo esteja próximo demais.

Parece um pouco com o Pyramid Head do Silent Hill, mas é o Ironhead. Ele é grande, mas não é tão resistente quanto parece.

Assim como outros jogos da série, é divertido sentar a bala nos inimigos. Nenhum deles realmente dá susto nas suas aparições, mas conseguem deixar o jogador tenso com suas waves, agilidade, resistencia aos tiros, e até mesmo por não conseguirmos vê-los – como no caso das moscas, as Glasps.

A Ilha e a Colônia Penal

Claire é raptada e acorda em uma cela, depois é solta sem a menor explicação e, quando vê, está em uma ilha cheia de zumbis. Podia ser RE Code:Veronica, mas é Resident Evil Revelations 2. A diferença dessa vez é que a ilha não é de propriedade da Umbrella (não que eu saiba, vai que a história tem um plot twist?), mas sim uma ilha abandonada perdida no meio do mar.

De início, a colônia penal onde Claire acorda mais parece um açougue humano do que uma prisão. Há corpos pendurados em correntes, lençóis cheios de sangue em mesas de cirurgia, e mais sangue, muito sangue, pelo chão e pelas paredes. Esses detalhes, junto com os corredores estreitos e as salas sujas servem como um bom cenário para a tensão que o jogo quer passar para o jogador. Ao final do episódio da Claire e no início do de Barry, é possível ver um pouco de como é a ilha, que acaba sendo um cenário muito mais bonito (especialmente ao pôr do sol), do que as montanhas gélidas que tentaram introduzir no primeiro Revelations.

Mais adiante na campanha do Barry a tensão aumenta quando exploramos melhor a ilha e nos deparamos com diversos Revenant, os inimigos comentados anteriormente. A floresta e as cabanas da ilha de noite são um cenário perfeito para o terror, dava pra colocar até o Slenderman nele.

E isso é só o primeiro capítulo, nos outros passamos por lugares como uma cidade abandonada, encontrando files contando como era a vida de quem morava naquela ilha, uma fábrica e um matadouro, e a área onde os experimentos ocorriam, tudo para encontrar a culpada pelo que aconteceu por lá, que se auto intitula como “Overseer”.

Uma outra nova mecânica é o stealth, agora é possível se esgueirar agachado e acabar com um inimigo pelas costas de forma violenta.

Olha o modo Raid de novo aí!

O modo Raid nasceu no primeiro Revelations como um bônus, no lugar do velho conhecido modo Mercenaries da série principal. E faz o seu retorno no Revelations 2 como um bônus ainda melhor.

Ao contrário do modo Mercenaries, onde você tem que matar o maior número de zumbis possível dentro de uma arena em um determinado tempo, o modo Raid é composto por estágios curtos onde você começa em um ponto A e vai até o ponto B enquanto mata zumbis, pega chaves, ganha níveis e destrava armas, itens e outros personagens. Apesar de não contar com um tempo limite, quanto mais rápido você terminar o estágio, mais pontos você ganha.

Enquanto no primeiro Revelations o modo Raid se passa nos cenários do próprio jogo, no Revelations 2 o modo Raid acontece nos cenários do Resident Evil 6, mas com os inimigos do próprio Revelations 2. E me atrevo a dizer que é um extra muito melhor do que o Mercenaries, e aumenta ainda mais a vida do jogo.

O Modo Raid é um dos modos mais divertidos que tem, e que no fina, pode valer mais que a própria campanha.

Enquanto no Modo Raid do primeiro jogo cada personagem tinha uma habilidade única com as armas e também eram influenciados pelo traje que vestiam, aqui as roupas são apenas adereços, e as habilidades podem ser destravadas com ganhos de níveis e compras com pontos de habilidade, acrescentando ainda mais a esse modo.

Aqui, o Modo Raid também ganhou uma pequena história, sendo uma simulação feita pela Red Queen, com um menu interativo e diversos personagens e skins pra desbloquear. A Capcom também foi adicionando outras skins para os personagens de velhos conhecidos da série totalmente de graça. Mas só quem comprou na pré-venda, ou compra a versão full do jogo, é quem ganha Wesker e Hunk.

No final…

Resident Evil Revelations 2 foi um grande acerto por parte da Capcom na série, que estava desgastada e fraca desde o Resident Evil 4, e se perdeu mais ainda com o Resident Evil 6. É um jogo que pode agradar a muitos, em especial os fãs, já que é cheio de fanservice, frases de efeito, jargões clássicos e referências e easter eggs a outros jogos da série. O preço baixo vale pela experiência, e o modo Raid vai divertir por muito tempo ainda. Enfim, também diria que continuar insistindo nos colecionáveis como discos para atirar e desenhos para coletar é algo muito chato. Pô Capcom! Let it go!

Resident Evil Revelations 2

R$ 49,99
7.3

Gráficos

7.0/10

História

7.5/10

Jogabilidade

7.5/10

Diversão

7.0/10

Prós

  • Diversidade de inimigos e cenários
  • Finalmente poderemos controlar o Barry
  • O modo Raid
  • O Fanservice (apesar que não é grandes coisas para quem não é fã)

Contras

  • Repetição dos inimigos mais chatos na campanha do Barry
  • Colecionáveis escondidos em cantos que dependem da paciência do jogador
  • Furos no enredo, alguns sem explicação e outros que dependem de files especiais

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