Torchlight é um Action RPG de um jogador desenvolvido pela Runic Games e publicado em 2009 pela Perfect World. Ele demorou 11 meses para ser concluído e vendeu em torno de 2 milhões de cópias. Entre os membros iniciais estão Travis Baldree (Criou o Mythos e foi designer do Fate, jogo de 2005) e os irmãos Erich e Max Schaefer (Co-designers dos Diablo I e II.)
MUITA coisa dele funciona da mesma maneira que em Diablo. E se quiser saber mais detalhes do porquê disso, ouça nosso podcast de Diablo.
Se você está jogando, preparamos dicas para Torchliht, também!
História
Você chega na cidade de Torchlight para investigar porque há monstros surgindo nas minas da cidade, e logo tromba com 2 parceiros e um mentor que também estavam ali estudando a caverna e se os seus minerais, os Ember, têm algo a ver com os monstros.
É uma história extremamente simples e direta, sem grandes surpresas na trama, mas totalmente válida para uma proposta de jogo que te apresenta um mundo rapidinho e logo depois te deixa ir dar uns cascudos na galera. E isso fez mais sentido quando aprendi que o Torchlight deveria ter sido uma introdução para um jogo online bem mais amplo, história da qual falo mais abaixo. Ainda assim, por causa dessa simplicidade toda, também dou ao quesito história uma nota mediana.
Jogabilidade
Há uma cidade ou hub principal (a Torchlight) e dungeons acessadas por ela tanto abrindo mapas adquiridos dos NPCs quanto fazendo a missão principal nos 35 andares de cavernas abaixo da cidade. Tais cavernas usam Procedural Generation que, no caso de Torchlight, apresenta salas com um conteúdo específico que se conectem aleatoriamente, não deixando os cenários tão repetitivos e aumentando o fator replay.
Os monstros derrotados, baús e vasos te dão dinheiro, pergaminhos de identificação e portal para a cidade, equipamentos, poções de vida e mana, magias, e joias para incrementar os poderes de sua armadura e armas (aumentar a velocidade de ataque, resistência a fogo, roubar vida do inimigo a cada ataque, etc.)
Menu do seu pet (com área separada para itens, magias e peixes) e do seu personagem.
Os itens possuem níveis de raridade diferente e são gerados com stats/qualidades variadas. NPCs e fontes de encantamento encontradas nas dungeons podem atribuir mais qualidades a um item (ou “dar ruim” e apagar TODAS as qualidades dele.)
A cidade de Torchlight
Nela, há NPCs cuja seleção de itens é renovada a cada vez que você voltar na cidade. Além dos vendedores de equipamentos, poções e magias, temos portais para alguns andares das cavernas, baús para armazenar itens e trocá-los entre seus personagens diferentes, NPCs que transformam grupos de itens em um item superior, ferreiros que tiram as joias de sua equipamentos, um encantador de equipamentos que pode adicionar mais qualidades/stats aos itens, questgivers e um gambler, que vende itens sem revelar a qualidade deles. Você pode gastar $100 num item misterioso e ganhar algo lendário, ou $3000 e ganhar uma bota fedida. 😀
Também é possível pescar em algumas áreas do jogo, conseguindo peixes que aumentam as habilidades do seu pet.
No mais, há NPCs que podem aposentar seu personagem: A partir do nível 30 você pode apagar seu personagem, mas um dos equipamentos dele pode ser escolhido para ficar guardado, ganhar mais stats e ser usado pelo seu próximo personagem como uma herança.
Seu personagem
Podemos escolher três personagens/classes para jogar:
- Destroyer: O guerreiro/berserker que pode invocar espíritos para a batalha e é especialista em combate melee;
- Vanquisher: A ladina/arqueira especialista em combate a longa distância e que pode usar habilidades de armadilha;
- Alchemist: O mago/engenheiro, capaz de construir robôs e invocar criaturas para batalhar consigo.
A história dos três é exatamente a mesma, e o que muda são apenas suas aparências e habilidades. Cada um tem 3 árvores de habilidades diferentes e ganham pontos de habilidade à medida em que passam de nível ou ganham níveis de fama (obtidos quando você mata monstros especiais – os Champions – no mapa.)
Seu pet!
Uma das maiores inovações de Torchlight são os animais de estimação. No primeiro jogo você escolhe um tigre ou lobo (com diferenças puramente estéticas,) que vira seu companheiro para explorar as cavernas! Ele não só guarda itens num inventário próprio, como vai à cidade sem você para vender os itens em poucos minutos e voltar ao seu lado. Isso é fantástico, pois significa que seu personagem não precisa ficar voltando à cidade toda hora para vender itens (coisa que eu sempre fiz DEMAIS em dungeon crawlers e RPGs.) Seu pet também pode equipar alguns itens e aprender 2 magias, assim como comer peixes que o transformam em monstros poderosos ou lhes conferem buffs de habilidades por um tempo.
Arte
O estilo de arte é unificado, representando bem as inspirações em comics, o efeito de pintura digital que vem desde as artes conceituais e as proporções cartunescas dos personagens. Temos monstros, cavernas escuras e corrupção na história, mas todo o ambiente é bem colorido e justificado pela vontade dos desenvolvedores de ter um jogo mais leve e acessível para todos os gostos. Outro fator que influenciou o estilo final foi a vontade de fazer cenários, itens e sombreamentos que ficassem igualmente atraentes em qualquer máquina, até mesmo as que tivessem requisitos abaixo da média pedida pelo jogo.
Em uma entrevista os desenvolvedores falam da importância de diferenciar personagens femininos e masculinos e como isso guiou o design do jogo, acabando em personagens com proporções bem exageradas. Pode fazer sentido para um jogo que queria virar MMORPG, mas acho isso bem ultrapassado hoje em dia. Gosto mais dos estilos de personagens do Torchlight 2.
As músicas do jogo são do mesmo compositor do Diablo, o Matt Uelman. Ele mesmo comenta que a música da cidade/”hub” principal do jogo (acima) faz referência à música da cidade de Tristram do Diablo.
MODs e a ferramenta TorchED
TorchED é a ferramenta oficial usada para construir os cenários, classes, personagens, pets, itens, etc, e foi disponibilizada gratuitamente pela Runic Games pouco tempo depois do lançamento do jogo. Isso gerou muitas modificações para o jogo que podem ser encontradas no Runic Games Fansite.
Suas raízes no Mythos
Além de Diablo, o jogo Mythos também entra na história de Torchlight! Ele era inicialmente um RPG online de ação e fantasia desenvolvido por Travis Baldree, e cujo desenvolvimento foi cancelado às vésperas de seu lançamento. O jogo chegou até a lançar um open beta bem sucedido, mas então sua empresa (A Flagship Studios) foi dissolvida e todos perderam a propriedade intelectual do projeto para uma empresa coreana.
Frustradíssimos, eles iniciaram o projeto de Torchlight tentando tanto voltar às suas raízes (em jogos single-player ou, no máximo, cooperativos), quanto preparando terreno para no futuro criar MMORPG dentro do universo de Torchlight.
Os planos para o RPG online foram cancelados após o lançamento de Torchlight II e, em 2014, tanto o Travis Baldree quanto o Erich Schaefer saíram da empresa para formar a Double Damage Games.
Aparência do Mythos que, na época, foi muito comparada à do World of Warcraft.
E aí, dá para visitar Torchligh?
Sim! A jogabilidade é bem gostosa e aprimora coisas que começaram a virar padrão em jogos deste estilo, como a opção para ver constantemente os nomes dos itens que caem no chão, controles intuitivos, o mapa sobreposto ao seu jogo (e não só no canto da tela), mapear habilidades para o segundo botão do mouse e os pets que aprendem magias e vendem itens em cidades a partir de comandos muito simples. Muitas coisas aqui são aprimoramentos ou simplificações da mecânica de Diablo.
Ainda assim, experimentei alguns glitches como o personagem e monstros ficarem presos no cenário (foi um horror, o monstro estava preso atrás de um portal e conseguia atirar livremente em mim, enquanto eu não o acertava. Demorou até achar um ângulo de tiro que funcionasse ali e matar o safado. Em outro momento fiquei presa numa parte do cenário e só saí dali depois de muita tentativa e erro. Não conseguia nem abrir portais para a cidade), assim como eu nem sempre acertava os monstros. Joguei como Vanquisher, a classe de longa distância, e mesmo mirando nos monstros os tiros não os acertavam. Não era um “miss” que faz parte da mecânica do jogo, apenas a mira não parecendo estar sempre alinhada com os nossos alvos. Estas são algumas das coisas que diminuíram minha nota para jogabilidade, apesar do jogo inovar bastante.
Também sou uma cabrita difícil de agradar visualmente, e a arte e personagens não me chamaram tanta atenção. Queria ver mais ilustrações daquele universo in-game, para incrementar a história.
No mais, o jogo também não possui multiplayer. Se você faz questão de jogar Torchlight em modo cooperativo com os amigos(as), sugiro pular direto para o II.
Que Bicho é esse?
Torchlight
Gênero: RPG de ação, hack and slash
Desenvolvedor: Runic Games
Ano: 2009
Plataformas: Xbox 360, Windows, Linux, Mac OS
Onde jogamos: Windows/Steam
Torchlight
Prós
- Interface intuitiva, acessível e gostosa de mexer.
- Fator replay: O loot e a vontade de ganhar mais níveis com o personagem podem te fazer jogar Torchlight mais de uma vez. O sistema de aposentadoria também incrementa o replay.
- MODs!
- Pets que vendem os seus itens na cidade!
Contras
- Não é possível redistribuir seus pontos de habilidade e status no jogo sem usar MODs.
- Não há modo co-op/multiplayer.
- História simplificada demais. (Mas é importante notar que essa não era a proposta do jogo inicialmente.)
- Achei a aparência das dungeons bem enjoativas, mesmo que o cenário mudasse de estilo após alguns andares.